(Publicado
no Jornal Diário do Rio Doce – DRD - de 15/10/1986,
na coluna “Vozes D’Alma” de Melquisedec Pessoa Leão,
que fez o seguinte comentário: “...falando em solidão
mesmo, e do poeta Joaquim Fernandes de Andrade, o poema ‘IBI – TURRI – TURUNA’ em
mensagem de protesto contra as brutais queimadas em nossa serra símbolo”) Estender uma manta abaixo da Santa.
É um convite a um pássaro que não mais canta
Cobrindo as pisadas da Anta assassinada.
Reparo modesto ao hiato deixado pelo predador. Reversão do déficit do humo de uma lacuna
Hibridez da omissão de incontida gana.
Retificação de uma insciência insana. É apenas um singelo preito de justiça, IBITURUNA.
Petrificada atalaia que os séculos desaparecidos contemplaram.
Mulata querida que conquistou da gente os amores. Além de desbotarem das vestes as cores
Queimaram as sedas verdejantes que lhes cobriam as formas.
Submeteram-na ao holocausto dos fogos de uma neoinquisição. No seu milenar silêncio aceitou dos algozes as estranhas normas.
Sua nudez sustenta a lascívia de piromaníacos anões..
Consterna, entretanto, quem lhe contempla sob o prisma do
Amor. Estupefatos ante a tamanha devastidão.
Vamos costurar-lhe novas vestes com carinho de cada mão
Cobrindo, no plantio de uma árvore, o seu maculado pudor
Todos engajados neste “ecológico” MUTIRÃO. Sentinela eterna de uma cidade prenha de ardor,
Recebas esta singela homenagem que não será a derradeira.
Outras virão até que lhe volte a pujança verdejante dos
Primórdios de nossa amada Figueira
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